E SOBRE A SAÚDE MENTAL DOS PROFESSORES?
Já repararam que ninguém fala da saúde mental dos professores? Já se perguntaram porque?
Atualmente o papel do professor vai muito além da sua atuação apenas em sala de aula e do processo de conhecimento do aluno. Ampliou-se a sua atuação para além da sala de aula, alcançando a sua atuação na comunidade. O professor além de ensinar, deve planejar e atender a comunidade, ou seja pais e diferentes indivíduos, que se relacionam com o ensino do aluno em questão e com a sala em questão. No entanto, o governo ou até mesmo a equipe pedagógica não dispõe de meios de qualificação que podem ser ofertados aos professores, portanto os professores, são obrigados a buscar por sua conta os meios de qualificação e na maioria das vezes tais qualificações não se enquadram como remuneradas ou como um aumento do salário. Além disso, essa ideia do professor se qualificar cada vez mais, se confundi com a opinião popular de que o professor atua em sua área, por amor aos alunos ou ao ensino, como se o salário em si não fosse algo tão necessário e só o amor ao ensino bastasse.
A busca própria dos educadores por qualificação, materiais de ensino, alternativas ao ensino e a responsabilidade do educador de cobrir as lacunas existentes na instituição de ensino, acabam por esgotar seu emocional, já que muitos dependem unicamente do seu tempo de "folga", para realizar tais qualificações, onde por muitas vezes não são valorizadas e nem remuneradas. Consequentemente, não é raro os afastamentos da sala de aula e do espaço escolar, por transtornos mentais ou problemas de saúde causados por essa sobrecarga, principalmente se compararmos em relação a outras profissões. De acordo com a autora Sandra Maria Gasparini, em seu texto "O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde", podemos observar a partir de uma tabela de 2003 referente a cidade de Belo Horizonte, a quantidade de afastamentos por cargo público da Prefeitura Municipal de BH:
Fica claro, que os professores são os que mais solicitam afastamento, ou seja totalizando 84% dos servidores afastados. 

Em outro artigo "Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador", referente a cidade de Jequié-BA os autores Vera Maria da Rocha e Marcos Henrique Fernandes, discutem a qualidade de vida dos professores do ensino fundamental e citam a questão e o papel do capitalismo e da globalização, ou seja as escolas e o ensino também se constituem por base nessa problemática. O ritmo acelerado de produção e também da produção do conhecimento, obrigaram os professores a educarem muito além da disciplina da sua formação, ou seja educando quanto a hábitos alimentares, lidando com questões psicológicas dos alunos e até mesmo educação do transito. Os autores portanto afirmam que a falta de infraestrutura, de autonomia, as relações conflitantes com familiares e a baixa remuneração, acabam por interferir gravemente na qualidade de vida dos professores, causando problemas de saúde graves.
Portanto, para concluir podemos perceber que a falta de estrutura, de investimento em politicas educacionais, participação da equipe pedagógica, valorização e de uma remuneração adequada, acabam por gerar problemas de saúde em professores sobrecarregados, que são obrigados a abrir mão de sua qualidade de vida, para entregar uma demanda por ensino cada vez mais exigida pela sociedade e pelo capitalismo e globalização em si.
Sandra Maria Gasparini; Sandhi Maria Barreto; Ada Ávila Assunção. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educ. Pesqui. vol.31 no.2 São Paulo May/Aug. 2005. Link http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022005000200003&script=sci_arttext#nt
Vera Maria da Rocha; Marcos Henrique Fernandes. Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador. J. bras. psiquiatr. vol.57 no.1 Rio de Janeiro 2008. Link http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852008000100005&script=sci_arttext
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